segunda-feira

Leitura do artigo do escritor Danilo Gomes pela estudante Ingrid Lara

Roque Camêllo, guardião e protetor de Mariana
Memorável vitória levou o advogado e professor Roque Camêllo à cadeira de Prefeito Municipal de Mariana. Tomou posse, como manda a lei num Estado de Direito. Mas os adversários e inimigos não aceitaram a vitória do renomado intelectual e presidente da Academia Marianense de Letras. Movem-lhe um processo que tramita no Supremo Tribunal Federal, após o Tribunal Eleitoral de Minas ter dado ganho de causa ao ilustrado professor, que passou a vida se preparando para exercer o cargo,sem apelar para o oportunismo, o carreirismo e o aventureirismo.
Conheço o prefeito de longa data. Fomos colegas no Grupo Escolar Dom Benevides, meninos de calças curtas vivendo a ventura da aurora de nossas vidas. Nossos pais foram amigos. Na década de 60, estudantes, fundamos, com outros conterrâneos, a 3ª Força, para fazer frente à sufocante e defasada brigalhada entre o PSD e a UDN, que tanto atrasava o progresso do município. Balançamos o coreto (não o da Praça Gomes Freire, nosso xodó). Muitos jovens entraram na política, inclusive Roque, que já se firmava como um líder respeitável.
Quando Roque se candidatou a prefeito de Mariana, fui dos primeiros a assinar um longo abaixo-assinado apoiando-o publicamente, bem às claras. Outro que o assinou foi o escritor Fernando Morais, nosso ilustre conterrâneo e meu primo. A lista é longa e atesta o prestígio de que goza o prefeito logo eleito.
Roque Camêllo é um apaixonado por Mariana, o que não causa ciúmes (muito pelo contrário) à sua mulher e eficiente colaboradora, Merania. Sua folha de serviços à cidade é rica e mostra seu trabalho incansável, no campo cultural, social e econômico. Cursou Direito em Belo Horizonte, onde foi professor de português e latim. Foi vereador dinâmico e empreendedor, aos 18 anos. Foi o ator do projeto que instituiu o Dia do Estado de Minas Gerais, l6 de Julho, aniversário da cidade fundada em l696. É o diretor-executivo da Fundação Cultural e Educacional da Arquidiocese de Mariana, que abrange 79 municípios mineiros.
Incansável no seu amor pela terra natal, Roque foi também responsável pela restauração de várias igrejas barrocas, pela segunda restauração do famoso órgão Arp Schnitger, pela restauração e difusão de partituras dos séculos XVIII e XIX e pela restauração do antigo Palácio dos Bispos (onde o imperador D.Pedro II passou a Semana Santa de l88l). Luta para que nossa cidade receba o título de Patrimônio Cultural da Humanidade.
Com numerosos irmãos, seus pais lutaram com grandes dificuldades e Roque não esconde que, para ganhar uns cobres, foi, menino ainda, engraxate na porta da Catedral de Mariana. Por ser advogado e professor e tendo estudado na Universidade de Harvard como bolsista, seus adversários o acusam de ser “elite intelectual”. É risível e intolerável uma visão mesquinha como essa. Ora, como que por ironia do destino, até partidos de ideologias conflitantes o apoiam, junto a conhecidos próceres do Estado. Elite! Roque é, sim, um trabalhador de grande cultura e fortes luzes do espírito. Elite do bem!
Li o antológico artigo do eminente jurista e jornalista Anis José Leão, que conheço desde l968,quando trabalhamos, em BH, na G. Holman Santos Publicidade. Mestre Anis, especialista em Direito Eleitoral (em que pontifica), publicou recentemente, neste HOJE EM DIA, o longo e histórico artigo “Prazo Sem Prazo”, de que destaco este trecho, após considerações técnico-jurídicas: “Conheço Roque, de tudo que vi nele, sei dele e conheço dele e da opinião de outros sobre ele, é um príncipe, luz do mundo, sal da terra, é indescritível sua paixão por Mariana, pela Cidade por quem ele carrega água no balaio. Difícil haver rival para ele, na luta pela urbe.” Assino embaixo, minha mulher Jeanete assina embaixo e tantos e tantos outros marianenses fariam o mesmo, como num outro manifesto, outro abaixo-assinado. Com ele concordaria o saudoso professor e historiador Waldemar de Moura Santos, outro apaixonado por Mariana.
Que deliberem os honrados ministros da alta Corte do país. E que o Espírito Santo Paráclito os ilumine! Eu, por mim, tiro o chapéu para o velho e querido amigo e confrade Roque José de Oliveira Camêllo, que quero ver vitorioso nessa nova peleja. Ele é o guardião-mor de Mariana, seu condestável, seu escudo de bravo guerreiro contra todos os ataques e todas as mais destruidoras tempestades.
Artigo publicado no jornal HOJE EM DIA, de 30/08/2009, e lido, na sessão solene de posse de Roque Camêllo no IHGMG, pela estudante Ingrid Lara.
Danilo Gomes
Escritor, jornalista, advogado, membro efetivo da Academia Mineira de Letras e da Academia Marianense de Letras.